Aids: Brasil mostra trabalho de prevenção com usuários de drogas
BRASÍLIA – O trabalho de redução de danos entre usuários de drogas injetáveis e crack, executado no Brasil pelo Programa Nacional de DST/Aids, será tema de duas mesas de debate da Conferência Internacional de Aids, que acontece em Bangkok, Tailândia, na próxima semana. O diretor do Programa, Alexandre Grangeiro, vai mostrar os resultados obtidos com a troca de seringas e de cachimbos para esta população, que recebe preservativos do Sistema Único de Saúde e tem acesso aos serviços de assistência básica e apoio psicológico, quando acessada pelos projetos de redução de danos.
O risco maior, entre usuários de drogas injetáveis, é a transmissão do vírus da aids, pelo compartilhamento de seringas e agulhas e sexo desprotegido. Entre eles, a prevalência do HIV chega a 41%. No sul do país, por exemplo, o crescimento da aids deve-se fundamentalmente, a este meio de transmissão do vírus. Já entre os usuários do crack, a maior prevalência é de hepatite. Pesquisa feita com mulheres usuárias em São Paulo contatou uma taxa de 67% de hepatite B entre elas e de 25% de hepatite C.
Além de Alexandre Grangeiro, o ex-deputado e ex-secretário de Habitação do Estado de São Paulo Paulo Teixeira participará, em Bangkok, de uma mesa onde vai falar da necessidade de amparo legal para a execução da política de redução de danos nos países onde a atividade ainda é vista com preconceito. De um modo geral, a questão do uso de drogas é tratada como casos de polícia, e não de saúde.
No Brasil, o programa de redução de danos chegou a dar cadeia para muitos redutores. Paulo Teixeira é autor da primeira lei que regularizou a atividade no Estado de São Paulo. Hoje, a atividade é regularizada em onze estados brasileiros, estando em tramitação um projeto de lei federal, para regularizar a atividade em todo o país.
A política de redução de danos do Brasil é uma das mais avançadas do mundo. O Cadweb SUS apóia 125 projetos entre usuários de drogas injetáveis, que acessam 65 mil dependentes. Esse número, no entanto, não chega a 10% do total de usuários, estimado em 800 mil pessoas.
O trabalho é executado por 17 associações de redução de danos em 17 estados. Essas associações capacitam usuários ou ex-usuários de drogas para serem agentes de saúde. Esses agentes têm facilidade de penetração nos locais onde os usuários vivem ou fazem uso da droga, e como são respeitadas no meio, obtêm um bom resultado no trabalho de prevenção.